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Eu sou um título. Clique duas vezes para editar.

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Porque ainda não fizemos um documentário

 

Ir. Camila Galvão

 

Este texto foi escrito na madrugada de domingo para segunda-feira, de uma noite insone, após ter comungado de uma quantidade significativa de mel no sábado e acessado a sabedoria milenar dentro do tempo. Desde então não consigo dormir sobrecarregada de informações. A energia recebida deve ser devolvida para manter o principio da gratidão e eu finalmente poder descansar minha mortal cabeça. Então vamos lá:

Era meados de páscoa de 2012 quando conhecemos o Centro Espírita Beneficente de Concentração Mental Luz da Renovação. Já tínhamos bebido o chá Hoasca de onde viemos e estávamos procurando um lugar na nova cidade para onde mudamos, Lucas do Rio Verde, MT, para continuar com nossa expansão de consciência.

Procuramos em todos os lugares, perguntamos a conhecidos e ninguém sabia nos informar onde é que poderíamos encontrar onde comungassem o chá. Em uma sexta-feira de cinzas nosso pneu estourou, sem estepe e não tinha nenhum lugar aberto, borracharia, nenhum socorro. Paramos no posto de gasolina de uma avenida ao lado do local onde eu trabalhava e lá fiquei até que escurecesse, enquanto procuravam algum lugar que pudesse consertar ou ao menos emprestar um pneu.

Era noite quando o Mestre Veras parou no posto. Em seu carro havia uma pena indígena enorme adesivada e nos disseram que provavelmente aquele era o tal do índio que servia o tal do chá. E era mesmo, perguntamos a ele e fomos convidados para conhecer a sociedade. Logo depois, conseguimos um pneu emprestado da caixa do posto de gasolina e fomos para casa.

O lugar estava tão lindo, tão incrível, que logo me comprometi a fazer um documentário, compromisso ao qual faltei quando vi que eu não tinha palavras para explicar o que era aquilo e o que acontecia ali.

Na Sociedade fiz amigos, cresci, evolui, engravidei, sofri, quis ir embora, quis voltar, comi e aprendi sobre a natureza, sobre a sabedoria ancestral da floresta, sobre a gratidão, a humildade e a paciência. E lá conhecemos o Mestre Gabriel.

Duvidei e fui cética inúmeras vezes, mas devagar a consciência foi clareando, fui amadurecendo, minha barriga crescendo, minha filha nascendo, me formei na faculdade, ia e vinha entre Assis e Lucas, sempre bebendo o vegetal.

Ser mãe e receber a sabedoria ancestral do chá é receber a condição de dar passos seguros e firmes em direção ao que é certo para mim e minha família. É ter milênios de sabedoria apoiando as cruciais decisões de como gestar, parir e criar um ser humano. É ser imediatamente corrigido nos erros e ter todas as necessidades atendidas, por estar dentro do nosso merecimento, pertencer ao rebanho e estar guarnecido.

O conceito de peia e teste são fundamentais para que se perceba a origem do sofrimento e logo se procure a solução para o fim dele, a busca é constante por luz, paz e amor, e entre os irmão prevalece a ordem do trabalho e da alegria.

De dois anos para cá os irmãos trabalharam tanto na chácara que já foi construído um escritório, um espaço para as crianças, jardins, um lago, uma clínica, banheiro, canil, além de reforma em absolutamente todos os espaços da sociedade, cozinha, salão do vegetal, banheiro, a casa onde moram os irmãos que ficam por lá e provavelmente várias outras coisas que não me recordo. De domingo todos os irmãos se reúnem para fazer o que qualquer outro consideraria como obra terminada, deixar cada vez mais bonito, mais florido, mais verde, mais organizado, mais limpo, e uma infinidade de coisas construtivas, a sociedade.

As inúmeras plantas, árvores, ervas medicinais e flores estão sempre aguadas, limpas, podadas, organizadas e adubadas para que tudo funcione em harmonia. Logo na entrada existe um enorme portal de Mariri por onde se entra com o carro, e dentro os reinados de Mariri e Chacrona parecem não ter fim.

O Mestre Veras cuida dos irmãos com uma medicina cabocla, baseada na fitoterapia, e é procurado para solucionar todos os problemas, doenças, magoas, brigas, separações, etc. É o pajé da sociedade, e todos confiam nele de uma maneira que não se vê em lugar algum, é a consideração nascida da gratidão de quem já foi salvo, não vi padre e pastor que goze da mesma confiança.

Entre os irmãos, existem os que recebem os graus de mestres e conselheiros, são os que possuem as costas mais largas para trabalhar na obra do Mestre Gabriel, a missão é abrir o caminho no meio da mata da ignorância para os irmãos que vem seguindo atrás, os mais atentos, plantam flores.

Os mistérios são apresentados com cuidado e zelo aos irmãos que vão chegando, atentos ao grau de cada um e a condição deste de compreender o que é entregue. Alguns mistérios só são apresentados em dias especiais e datas comemorativas, e a explicação destes só vêm por perguntas feitas dentro da sessão, e mesmo assim, apenas até certo ponto, que alcance a compreensão de quem ouve.

Compreende-se que a caminhada por dentro da espiritualidade é individual, e para auxiliar o discípulo a caminhar mais rápido e mais firme, o mestre vai apresentando as Chamadas para serem estudadas e cantadas em sessão. Estas Chamadas fazem parte dos mistérios.

O Centro Espírita já se ramificou em várias cidades, acompanhamos o nascimento dos núcleos em Assis, de onde viemos, que não segue a mesma doutrina, mas existe porque o Mestre Veras foi até lá e entregou dois litros de vegetal para o futuro dirigente da Casa da Santa Luz, amigo nosso e quem nos convidou para conhecer o chá. Em Campo Novo dos Parecis, onde estivemos e semeamos o que nos cabia de luz, paz e amor, e vimos crescer os núcleos em Sorriso e Sinop, ajudamos nesse processo com papéis e reuniões, nossa especialidade. Tem até um núcleo no Rio Grande do Sul, mas eu ainda não fui até lá.

E tudo isso são informações poucas, rasas e incompletas de uma irmã que vivencia tudo isso muito pouco para falar a respeito, a minha vantagem é que sei escrever, e é por isso que são essas informações que está lendo agora. Que com esse depoimento eu me aproxime do merecimento de conseguir elaborar um documentário realmente válido, capaz de clarear com qualquer preconceito que possa ter quem lhe deitar os olhos, e por enquanto, gratidão. 

© 2014 por Camila Galvão, Jorge Sepulveda.

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